O Atlético-MG, uma das maiores potências do futebol brasileiro, está às vésperas de uma mudança historica em sua estrutura. Cerca de 50 dias atrás, o clube iniciou sua jornada rumo à Sociedade Anônima do Futebol (SAF), autorizada pelo Conselho que aprovou a venda dos ativos do futebol para o clube-empresa. O caminho para essa transformação, contudo, ainda está sendo trilhado e deve culminar no fechamento da operação, com aporte à vista de expressivos R$ 600 milhões. A previsão otimista é que esse marco seja alcançado entre o fim de outubro e o início de novembro.
Durante sua participação no Fórum SAF 2023, organizado pelo advogado Paulo Lasmar na última quinta-feira, em Belo Horizonte, o CEO do Atlético, Bruno Muzzi, compartilhou detalhes cruciais sobre o atual processo que envolve o clube mineiro. O aguardado aporte milionário de R$ 600 milhões será concretizado no momento de fechamento da empresa.
No entanto, um dos principais pré-requisitos para a concretização dessa transformação é a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). O CADE, uma autarquia federal responsável por fiscalizar e autorizar operações envolvendo empresas, é a instância que precisa dar o aval para a criação do novo CNPJ do Atlético. Esse processo costuma demandar 30 dias, seguidos de mais 15 dias após sua “transitada em julgado”.
Onde estamos agora? Primeiro, finalizaremos o ‘acordo de investimentos’ do Atlético. Queremos concluir essa etapa o mais rapidamente possível, uma vez que este acordo é o que destrava o nosso processo, possibilitando sua submissão ao CADE. Se o assinarmos amanhã, por exemplo, teríamos o sinal verde para final de outubro. É quando eu teria o prazo para receber os aportes e dar início a uma nova era para o Atlético”, destacou Bruno Muzzi.
A SAF do Atlético-MG será controlada pela chamada Galo Holding, uma entidade que congrega diversos investidores com diferentes graus de participação, incluindo Rubens e Rafael Menin, os principais acionistas com cerca de 68%, cerca de 10% de Ricardo Guimarães, além de 11% de um fundo de investimento criado no Banco Master e mais 11% de um fundo de investimento composto por torcedores apaixonados pelo clube.
O montante de R$ 600 milhões será distribuído proporcionalmente, de acordo com a participação de cada investidor na Galo Holding. Em contrapartida, 75% das ações do Atlético-MG serão transferidas para a Holding, enquanto a associação manterá 25%. Essa transferência engloba todos os jogadores e ativos relacionados ao futebol, incluindo a Cidade do Galo e a Arena MRV, tornando-os 100% propriedade da SAF. Para Bruno Muzzi, este é o início de uma “nova vida” para o Atlético.
A transição envolve uma série de etapas, desde a assinatura até o processo de fechamento, incluindo a criação de um novo organograma, orçamentação, esquemas de remuneração variável e uma visão estratégica renovada sobre o futebol. Estas medidas estão sendo delineadas em colaboração com Sérgio Coelho e Rodrigo Caetano, e refletem uma gestão disciplinada no âmbito orçamentário. O foco é atingir resultados tanto a curto quanto a médio e longo prazo.
Diferentemente de algumas SAF ‘s que seguem integralmente a lei federal, o Atlético optou por transferir a totalidade de sua dívida, que alcança R$ 1,8 bilhão, para a responsabilidade do clube-empresa. Este novo modelo de gestão incluirá não apenas o gerenciamento da dívida, mas também dos orçamentos destinados ao futebol e à administração do clube.
A associação, que estará livre de dívidas, manterá a propriedade dos clubes sociais, como a Vila Olímpica e o Clube Labareda, bem como de sua sede em Lourdes. O prédio administrativo ainda poderá ser transferido para dentro da Arena MRV, parte de um planejamento estratégico visando otimizar os recursos e operações do clube.
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