O Atlético, um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro, vive um momento histórico com a inauguração da sua nova casa, a Arena MRV. Esta semana, o clube voltará a atuar no seu novo estádio, que já começa a render frutos financeiros antes mesmo de receber a primeira partida oficial. O motivo? O acordo de naming rights que teve um valor inicial de R$ 71,8 milhões e uma operação financeira complexa que envolveu o Banco Inter e a MRV&CO.
O Acordo de Naming Rights
A história dos naming rights da Arena MRV começou a se desenhar em 2017, quando o empresário Rubens Menin, da MRV&CO, ofereceu ao Atlético-MG um acordo que iria nomear o estádio por 10 anos em troca de R$ 71,8 milhões. Em teoria, esse valor seria dividido em R$ 7,180 milhão por ano entre 2023 e 2033, proporcionando ao clube uma fonte significativa de receita.
Porém, uma peculiaridade marcou este acordo desde o início. O estádio já começou a ser chamado de Arena MRV em 2017, antes mesmo do início das obras. Isso significa que durante seis anos, o nome do estádio foi utilizado “de graça”. Mas, para entender completamente essa situação, é necessário analisar os detalhes do acordo:
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- O Atlético-MG alegou que precisava vender os naming rights no início da construção do estádio para utilizar o dinheiro no próprio projeto. Isso levou a um valor aparentemente “baixo” no acordo, já que nenhuma outra empresa estava disposta a investir milhões em uma ideia, considerando que o estádio ainda não existia fisicamente.
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- Rubens Menin, que desempenhou um papel fundamental na construção do estádio, propôs pagar o valor parcelado em 10 anos e só iniciaria os pagamentos após a inauguração do estádio. Essa decisão parece contrariar o argumento anterior, uma vez que o Atlético-MG precisava do dinheiro mais cedo.
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- Apesar disso, o Atlético-MG aceitou a proposta da MRV&CO, representada por Rubens Menin. No entanto, como o clube precisava dos valores antecipadamente, buscou um banco para adiantar os pagamentos e fez um empréstimo. Qual banco? O Banco Inter, de propriedade de Rubens Menin, concordou em pagar R$ 42,5 milhões à vista em troca de todo o valor do contrato de naming rights, que era de R$ 71,8 milhões.
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- Em resumo, Rubens Menin (MRV&CO) ofereceu R$ 71,8 milhões para adquirir os naming rights por 10 anos, que na prática se estenderiam por 16 anos de retorno publicitário.
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- No final, os valores do contrato de 10 anos, que na prática trouxe 16 anos de retorno publicitário, ficaram assim:
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- MRV&CO (Rubens Menin) pagou R$ 71,8 milhões
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- Atlético-MG recebeu R$ 42,5 milhões
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- Banco Inter (Rubens Menin) ficou com R$ 29,3 milhões para transformar o parcelamento em valor à vista.
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- No final, os valores do contrato de 10 anos, que na prática trouxe 16 anos de retorno publicitário, ficaram assim:
Operação Financeira Inédita
Essa operação financeira, que envolveu o empresário Rubens Menin, a MRV&CO e o Banco Inter, é inédita no mundo do futebol brasileiro. Ela demonstra não apenas a capacidade de negociação do Atlético-MG para garantir uma receita substancial, mas também a confiança de Rubens Menin no projeto da Arena MRV e sua disposição em apoiar o clube durante um período crítico.
A antecipação dos valores pelos naming rights permitiu que o Atlético-MG acelerasse as obras da Arena MRV e garantisse um estádio moderno e de alta qualidade para seus torcedores. Além disso, a venda de setores da arena para empresas como Ambev, Arcelor Mittal e Banco Inter também contribuiu para o financiamento do projeto.
Comparação com Outras Arenas
A Arena MRV junta-se a outras arenas modernas no Brasil que também possuem acordos de naming rights. O Corinthians, por exemplo, tem a NeoQuímica Arena, e o Palmeiras possui o Allianz Parque. Ambos os clubes receberão R$ 15 milhões por ano durante duas décadas em seus acordos, com ajustes nos valores ao longo do tempo.
Em Curitiba, a Arena da Baixada, casa do Athletico-PR, é rebatizada como “Ligga Arena” em troca de R$ 13,3 milhões em 15 anos, totalizando R$ 200 milhões. Esses acordos demonstram a crescente importância dos naming rights como fonte de receita para os clubes de futebol no Brasil.
O Custo da Arena MRV
É importante notar que a Arena MRV foi construída com financiamento privado, o que a coloca em uma posição única no cenário esportivo brasileiro, mas também tem consequências significativas. Os valores envolvidos na construção e manutenção da arena são substanciais, e o clube terá que usar parte das receitas geradas pela Arena MRV para pagar suas dívidas, em vez de investir diretamente no futebol.
De acordo com o último balanço divulgado em 30/09/2022, as dívidas relacionadas à Arena MRV incluem:
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- Empréstimos: R$ 493,295 milhões
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- Caixa: R$ 217,717 milhões
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- Dívida: R$ 281,578 milhões
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- Receitas Antecipadas: R$ 273,716 milhões
Esses números refletem a magnitude do compromisso financeiro do Atlético-MG com sua nova casa. No entanto, o clube e seus gestores acreditam que os benefícios a longo prazo superam os desafios financeiros imediatos, e a Arena MRV representa um marco importante na história do clube.
Conclusão
A Arena MRV não é apenas a nova casa do Atlético-MG, mas também um exemplo de como acordos de naming rights e operações financeiras criativas podem impulsionar o desenvolvimento do esporte no Brasil. Com a inauguração da Arena MRV, o Galo escreve mais um capítulo na sua rica história e reforça sua posição como um dos principais clubes do país, mesmo diante dos desafios financeiros que a construção da arena implica.
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